Hoje em dia todas as ferramentas de que precisamos estão nas palmas das nossas mãos. Se você se deparar com algo muito extraordinário no caminho para casa, é possível registrá-lo com um toque no seu celular. Mas nem sempre foi assim. Enquanto viajava a bordo do HMS Beagle, entre 1831 e 1836, Darwin não tinha um aparelho de última geração parcelado em mais vezes do que você gostaria de lembrar.
Para registrar todas as espécies que encontrava no caminho, o naturalista tinha que contar com a extrema precisão de suas descrições e desenhos, cujas cores poderiam desbotar com o tempo.
Foi pensando em manter um padrão entre essas cores e descrições que, em 1814, o pintor escocês Patrick Syme decidiu ilustrar o livro Nomenclatura das Cores de Werner (Smithsonian Books, 80 páginas, sem edição brasileira), escrito pelo geólogo alemão Abraham Gottlob Werner.
Tudo começou com o geólogo, que queria desenvolver um parâmetro para descrever a riqueza de tons encontrados em rochas e minerais. Syme, o artista escocês, ficou sabendo da publicação de Werner e sentiu que poderia melhorá-la ao adicionar amostras de tecido colorido junto à descrição de cada cor. O pintor não conseguiu arranjar referências para todos os matizes, mas ao menos 110 ganharam mais vida com essa padronagem.

O livro começou a contar, então, com um nome para cada cor, um número para identificá-la, exemplos de onde ela poderia ser encontrada na natureza e uma amostra de como ela é. O laranja amarronzado, por exemplo, podia ser notado nos olhos das grandes moscas da carne, na elegância de um lírio laranja ou em um topázio escuro brasileiro.
Para além da mineralogia, o livro começou a ser usado em áreas como a zoologia, botânica, anatomia e artes. Tornou-se um sucesso entre naturalistas como Darwin, o botânico William Hooker e os exploradores Sir William Edward Parry e Sir John Richardson.
Neste ano, a editora norte-americana Smithsonian Books recriou a obra em impressão CMYK com o intuito de proporcionar ao leitor do século 21 uma oportunidade de conhecer a forma poética com a qual cientistas inovadores viam o mundo. Este é o resultado:

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